sábado, 17 de janeiro de 2009

Restolho

Geme o restolho,
triste e solitário a embalar
a noite escura e fria e a perder-se no
olhar da ventania que
canta ao tom do velho campanário
Geme o restolho, preso de saudade esquecido,
enlouquecido, dominado escondido
entre as sombras do montado
sem forças sem cor e sem vontade
Geme o restolho, a transpirar de chuva nos
campos que a ceifeira mutilou
dormindo em velhos sonhos que sonhou
una alma a mágoa enorme, intensa, aguda
Mas é preciso morrer e nascer de novo
semear no pó e voltar a colher
há que ser trigo, depois ser restolho
há que penar para aprender a vivere a vida
não é existir sem mais nada a vida não é dia sim,
dia não é feita em cada entrega alucinada prá receber
daquilo que aumenta o coração
Geme o restolho, a transpirar de chuva nos
campos que a ceifeira mutilou
dormindo em velhos sonhos que sonhou
na alma a mágoa enorme, intensa, aguda
Mas é preciso morrer e nascer de novo
semear no pó e voltar a colher
há que ser trigo, depois ser restolho
há que penar para aprender a vivere a vida
não é existir sem mais nada
a vida não é dia sim, dia não
é feita em cada entrega alucinada
prá receber daquilo que aumenta o coração


Mafalda Veiga



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Loucamente